domingo, 17 de abril de 2011

27° capítulo

Na Terra

            Awdrey penteava o cabelo pela quinta vez naquela manhã, suspirava com frequência, já estava vestida para a escola, embora seu uniforme estivesse amassado em diversas partes. Comeu uma banana sem vontade, pegou os livros e foi para o carro.
            Olhou sua carteira de motorista que conseguira recentemente, e fez uma careta, embora normalmente, costumasse sorrir.
            - Que coisa idiota! Pra que dirigir um carro? Eu queria estar no espaço... Pilotando uma nave!
            Jogou a mochila no banco do passageiro e ligou o carro, dirigia um pouco acima da velocidade, não se importava em ser apenas uma iniciante, era frustrante ter que pensar, cantava o hino nacional mentalmente em vários tons de voz para manter a mente ocupada. Mas depois de algum tempo, desviou a atenção para as árvores que murchavam lentamente, sobrevivendo até agora com a luz artificial. E muito depois percebeu que estava chorando.
            Quando chegou à escola, jogou a mochila sobre um dos ombros e foi para a sala, ainda era cedo e estava vazia, mas a garota se sentou e surpreendentemente começou a fazer cálculos matemáticos.
            Fazia a sexta expressão numérica, quando os amigos entraram, alguns arregalaram os olhos, outros seguraram o riso. E o professor entrou.
            - Bom dia à todos! Hoje, antes de começarmos a aula, gostaria de dizer que... Foi ótimo conhecer todos vocês! Alguns tinham um futuro brilhante pela frente, outros poderiam virar incríveis comediantes...
            Algumas pessoas riram.
            - Infelizmente, fomos informados na madrugada de hoje, que o último foguete, bateu no planeta Vênus, ainda não conseguiram contato para verificar se existem sobreviventes, mas o futuro da Terra está perdido, e espero que vocês aproveitem ao máximo, o pouco que nos resta.
            Awdrey ficou em estado de choque. Seus amigos teriam morrido? Não, ela não podia aceitar isso, ela precisava vê-los, eles têm que estar vivos!
            - Professor, posso ir ao banheiro?
              O professor olhou por cima de seus óculos na direção da garota.
         - Posso terminar meu discurso, Awdrey?
         Awdrey revirou os olhos.
         - É uma emergência!
         O professor olhou-a com desgosto.
         - Vá logo garota!
         Ela agarrou a mochila e correu com toda sua velocidade na direção do carro, pode ouvir somente o professor perguntar “Ela levou a mochila?”, mas não parou até abrir a porta de seu carro.
         Dirigiu com toda a velocidade, sem se importar com multas que sabia que levaria, ela suava, mas em alguns minutos, viu o edifício que procurava.
         Saiu do carro e fechou a porta com força, subiu o elevador com impaciência, respirava fundo, sem fôlego, e então ela o viu.
         - Michael!
         O homem estava diferente, era como se não tivesse feito a barba por uma semana. Assim que ele a viu, se encolheu na cadeira e se protegeu com os braços. Awdrey quase sorriu.
         - Para com isso, não vou bater em você! Só quero saber... Onde eles estão?
         Michael lançou-a um olhar triste.
         - Nós sabemos onde estão e sabemos que estão vivos! Mas nossas esperanças estão acabando, e precisamos que a dos cidadãos também acabe, senão podemos desapontar a todos!
         Awdrey estava paralisada, aliviada, e ao mesmo tempo, muito irritada.
         - Vocês são loucos! Precisamos de esperança, sem ela só vamos morrer mais rápido!
         Michael riu forçadamente, olhou para baixo e disse:
         - Talvez você esteja certa, mas não adianta mais, eles são crianças! São incompetentes!
         Awdrey olhou-o com raiva. Queria dizer “Então, por que você não vai lá salvar o mundo?”, mas disse apenas:
         - Deixe-me falar com eles.
         Michael apertou o botão mais próximo. Vários rostos apareceram.
         - Oi gente!
         Todos se viraram, seus olhos expressavam medo, ninguém nem mesmo sorriu. A garota se assustou, sabia que estavam em Vênus, mas esperava que estivessem comemorando ou algo do tipo. Ela só conseguiu perguntar.
         - O que aconteceu?
           

   

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