sábado, 19 de fevereiro de 2011

21° capítulo


Surpresa

            Com o tempo, eles se acostumaram com a velocidade, e conseguiram conversar entre si. Jéssica comentava sem parar sobre o tamanho do Sol e quanto tempo levaria para que o circulassem completamente.
            - Realmente, Jéssica.
            Disse Andresa.
            - O Sol é enorme! Mas se tivermos sorte... Mercúrio estará perto.
            A menina sorriu, tentava pensar positivo, mas insistia em encarar a realidade. Continuava murmurando consigo mesma sobre o tempo que levariam para darem a volta completa. Todos se surpreenderam quando ela apertou o botão, ligando a maior das telas.
            - Desculpe Michael! Mas você sabe quanto tempo levaremos para rodear o Sol, nesta nave?
            O homem segurava o próprio queixo, olhou para trás tantas vezes quanto abriu a boca, mas só conseguiu dizer:
            - Um minuto!
            Eles sentiam olhavam para a tela com certo desprezo enquanto esperavam. Michael não era o homem mais simpático do mundo! Esperavam ao menos que fosse um dos mais competentes. Então ele voltou:
            - Aqui está! Para dar a volta de 360° em volta do Sol vocês levaram três dias...
            Jéssica respirou fundo, esperava muito mais. Mas nada mais era impossível para eles, então apenas sorriram. Nilo comentou:
            - Vamos levar menos tempo! Foi um erro de cálculo, não pode ter sido muito grande!
            Com o olhar risonho, Ivna rebateu:
            - Isso se não estivermos rodando no sentido oposto!
            Sua vontade foi de lhe dar língua, mas se conteve, começou a olhar ao redor para se distrair. O garoto nunca vivera tão bem quanto nas últimas semanas. Estava feliz, e nada o atrapalharia!
            Os dias se passavam vagarosos, Jéssica e Christian revezavam o volante, mas Mercúrio nunca aparecia.
            Depois de exatos três dias, novamente ligaram a tela de comunicação:
            - Michael, não encontramos o tal planeta!
            O homem ergueu a sobrancelha, antes, estava distraído com palavras-cruzadas, olhava fixamente para a garota que tinha feito o comentário, depois de muito tempo conseguiu dizer:
            - Impossível!
            Luciana olhou furiosamente para Michael, sua paciência com o rapaz se esgotara, e com a mesma fúria perguntou:
            - O que foi agora? Mais um erro de cálculo Michael?
            As palavras o atingiram como um soco na cara, ele começou a gaguejar:
            - Em primeiro lugar: N-Não sou eu quem faço os cálculos. E depois, é imp-possível que esteja errado! Eles o fizeram mais de cinco vezes...
            Todos se entreolharam, olharam para Michael, não sabia o que fazer. Mas observando-o Allan perguntou:
            - Está preocupado, Michael?
            Ele mordeu o lábio, foi pego de surpresa novamente, e disse com dificuldade:
            - Bom, no momento... Vocês são os únicos no espaço!
            Bocas se abriram, mas nenhum som saiu de nenhuma delas, agora, sentiam medo, mas orgulho, eles não tinham desistido, e isso não estava nos planos. Mas o problema é, eles não tinham um plano.
            - Estou começando a desconfiar de que Mercúrio não está aqui!
            Disse Andresa. Mas ninguém levou seu comentário a sério, isso era impossível. Então, Christian começou a sorrir.
            - Ela pode estar certa!
            Todos olharam para o garoto, incrédulos. Ele, sorriu ainda mais e disse:
            - As estrelas!  
 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

20° capítulo


Sol

            Rapidamente Christian pegou o volante e pressionou a plataforma imitando os movimentos anteriores de Jéssica.
            - Mais rápido!
            Ele fingiu não ter ouvido, virou completamente o volante e pressionou ainda mais o acelerador.
            - Vamos, vire!
            Ele sussurrava para si mesmo, mas a nave continua a seguir em frente na mesma velocidade. Jéssica saiu de seu assento e sentou ao lado de Christian, compartilhando o equipamento de segurança.
            - Já pensou em desligar o piloto automático?
            No mesmo instante, desligou-o, botando a nave em movimento. Virou com mais rapidez o volante e entregou-o a Christian, que estava paralisado ao seu lado.
            - Gire em volta do Sol, o mais rápido que essa coisa permitir!
            Quanto terminou de falar, Jéssica piscou um dos olhos e sussurrou em seu ouvido:
            - Quem mandou ter namorada chata!?
            O garoto sorriu, e pressionou com violência a plataforma, e como na saída da Terra, sentiram a velocidade nauseante do foguete. Mas o Sol era grande e levariam tempo para achar o planeta procurado.
            - Olhe!
            Nilo apontava para uma das telas, ela piscava e dizia “bateria fraca”.
            - Onde vamos encontrar bateria?
            De olhos arregalados Andresa disse:
            - Christian, vá mais devagar!
            O garoto diminuiu a velocidade imediatamente, mas uma de suas sobrancelhas se ergueu. Rindo a garota lhe disse:
            - Acho que sei onde pode estar!
            Ele baixou a cabeça para esconder o sorriso, e a menina saiu do cômodo, seguida por Nilo, Luciana e Allan.
            - Pra que tudo isso?
            Ela disse olhando para trás. Allan disse:
            - Você sabe o tamanho ou peso dessa coisa? Para ter essa velocidade, deve ser bem grande!
            A garota riu novamente, e entrou no quarto em que havia ficado depois de bater a cabeça.
            - Acho que está aí dentro!
            Disse apontando para um armário. Mas não teve tempo de se abaixar, Danilo já abria a pequena porta.
            - É, você tinha razão Andresa. Estão aqui!
            Virou-se e segurou o riso:
            - Mas você estava errado Allan! Não é grande, na verdade... Veja você mesmo.
            Eles observaram o minúsculo retângulo entre o polegar e o indicador de Nilo, tinha a cor de um chamativo amarelo-canário, diferentemente de Allan que começava a ficar rosa.
            - É estranho!
            Disse Luciana.
            - Tem certeza de que é a bateria?
            Danilo olhou-a e apontou para o armário:
            - Está escrito na porta!
            Agora ela também estava rosa, sentia o calor em sua face e começou a rir de si mesma. Logo foi acompanhada por Allan, que praticamente chorava.
            Ao voltarem para a “sala”, procuraram brevemente por alguma abertura ou indicação para que colocassem a bateria, no fim quem encontrou foi Ivna, apontando para o que parecia ser uma entrada de CDs. Mas tinha o contorno ideal para a bateria.
            Assim que o a tela parou de piscar, eles relaxaram, sentaram-se novamente com os equipamentos de segurança. Fecharam os olhos.
            - O que não daria por um fone de ouvido nesse momento!
            Comentou Marina. Seu comentário foi seguido de risadas, e Christian acelerou novamente.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

19° capítulo

Viva

            A primeira reação foi espanto, depois alegria, eles observaram-na dos pés à cabeça antes de abraçá-la fortemente.
            - Marina, Marina! Você está viva! Está viva!
            A garota começou a rir.
            - Sim, como podem ver, estou viva! Fiquei surpresa de como desistiram de mim tão facilmente... Sou assim tão descartável?
            Mas parou de rir assim que viu Jéssica, abaixou a cabeça e se dirigiu a menina:
            - Me desculpe Jejels... Devia ter escutado você!
            Jéssica apertou ainda mais o abraço:
            - Não se preocupe com isso! Estávamos todos irritados com tudo isso, mas agora temos que ficar mais felizes do que nunca!
            Marina retribuiu o abraço, e olhou para Michael.
            - Por favor. Continue.
            Sem pensar muito, ele simplesmente disse:
            - Desculpe, mas tenho um compromisso agora! Tchau.
            As feições da menina formaram uma careta. Estava claro que o homem mentira, mas ela não havia escutado a conversa inteira.
            - O que aconteceu?
            Todos se entreolharam, mas Allan respondeu:
            - Parece que algumas pessoas desistiram... Vamos ter que rodear o Sol.
            - Não estávamos indo diretamente para Mercúrio?
            Marina perguntou. Ivna respondeu:
            - Exatamente, mas parece que erraram o cálculo.
            O único som depois disso, foi o sussurro “incompetência” de Luciana, mas o silêncio predominava. Foi quando pela primeira vez, Andresa viu o pequeno calendário no canto superior de uma das telas, nele lia-se “nove de fevereiro”. Ela olhou ao redor e perguntou:
            - Que dia nós saímos?
            Sem entender a pergunta Christian respondeu:
            - Sete. Por que?
            A garota apontou para o calendário e disse:
            - Hoje é dia nove!
            Todos se olharam, e Nilo comentou:
            - Alguém mais está morrendo de calor?
            O clima realmente havia esquentado, muito. Então resolveram olhar pela janela:
            - Marina, é melhor ligar a câmera!
            O comentário de Allan não fazia sentido para ninguém, ela acabara de se recuperar de um episódio de filmagem e ele pedia que ela filmasse.
            - Por que?
            Ele hesitou:
            - Christian, vire essa droga de nave! Vamos bater no Sol se continuarmos aqui!
            O terror tomou conta de seus rostos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

18° capítulo


Lágrimas

            Quando tiveram forças para se levantar, levaram o corpo para um dos quartos, e decidiram que ninguém abriria aquele cômodo por nada, seria só mais um motivo para que chorassem.
            Botando a nave em movimento, Jéssica ativou novamente o piloto automático, depois pegou a câmera e começou a filmar por uma pequena janela.
            Andresa se sentou, seu olhar era vazio, os dedos batiam ritmados e impacientes na mesa.
            - Estamos sonhando?
            Todos olharam para a garota:
            - Sério! Não pode ser verdade! Por que estamos dentro de um foguete, indo pra Mercúrio, que é próximo demais do Sol, sendo que o problema pode ser uma reação que ocorre de milhões em milhões de anos?
            Algumas bocas se abriram, algumas lágrimas caíram, mas ninguém falou, estavam presos em seus pensamentos.
            - Acho que vamos todos morrer!
            Completou Andresa.
            - Assim que nos aproximarmos de Mercúrio morreremos. Marina sofreu menos, foi melhor assim.
            Todos olhavam fixamente para a amiga, mas quem falou foi Danilo:
            - Não seja pessimista! Existem outros astronautas que a esta hora, já estarão no planeta!
            Nesse exato momento, o rosto de Michael apareceu na tela:
            - É... Olá! Bom, é difícil dizer isso para vocês, mas Mercúrio não está onde pensávamos que estava, vão ter que girar em torno do Sol para encontrá-lo. Boa noite!
            Mas Ivna o impediu:
            - Espere! Como sabe disso?
            Michael baixou os olhos, não queria que fizessem essa pergunta:
            - Alguns dos outros astronautas... Desistiram. Eu sinto muito! Mas confio em vocês.
            - Como assim desistiram?
            Perguntou Luciana. O homem começava a ficar rubro.
            - Bom, nos informaram que estavam voltando... Alguns já chegaram, e...
            Eles se entre olharam, agora estavam com medo. Queriam fazer milhares de perguntas ao rapaz, estariam eles correndo realmente perigo?
            Foi quando os olhos de Michael se estreitaram, depois de alguns segundos ele perguntou:
            - Vocês não eram oito?
            De novo, os olhos se encheram de lágrimas, mas uma voz vinda de outro cômodo respondeu:
            - Nós somos oito!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

17° capítulo

Resgate...

            Christian seguiu-a de perto, do lado de fora, ele hesitou por um instante, mas se mexeu quando percebeu que permanecia parado. Jéssica não se importara com isso, pouco importava se ela fosse levada. No momento ela se preocupava com Marina.
            O garoto a alcançou facilmente. Ele olhava diretamente para seu rosto, tentava ler sua expressão, mas no momento era impossível. Seu rosto era completamente vazio, sem expressão, seus olhos estavam cinzas.
            Nenhum dos dois ousou falar, Christian agora sentia frio, apesar de estar completamente aquecido, a cada centímetro mais próxima do corpo, a respiração de Jéssica tornava-se mais pesada. Christian tocou-a.
            A menina tremeu, não esperava contato, olhava somente para frente. Atenta a qualquer movimento de Marina. Foi nessa hora que Christian percebeu que ela chorava.
            - Mas por que...?
            Ele começou, mas foi interrompido:
            - A culpa é minha!
            Disse a garota.
            - Ela não teria saído se eu não...
            Dessa vez, ela que foi interrompida, Christian balançava a cabeça:
            - Você tem mania de se culpar! Pare com isso! A culpa não foi sua, entendeu!
            Mesmo com os avisos do Christian, mais lágrimas caíram dos olhos de Jéssica, agora ela mal conseguia ver. Christian agora gritava:
            - Pare com isso Jéssica! Se a culpa for de alguém, esse alguém sou eu. Foi eu que não botei seu tubo de ar do jeito certo! Agora, por favor, pare de chorar!
            Por um segundo, a menina olhou o namorado pelo canto do olho, não parou de chorar, sua vontade era de contrariá-lo, mas antes que pudesse falar, alcançaram o corpo:
            - Pronto!
            Christian segurou o tronco de Marina e começou a puxá-la. Para ajudar, Jéssica começou a empurrá-los, fazendo com que fossem mais rápido.
            Christian foi o primeiro a entrar, no mesmo instante, conectou-a a um tubo de ar, para fornecer-lhe a maior quantidade de ar possível, depois tirou sua roupa espacial.
            - Vamos Marina! Acorde!
            Todos gritavam, Jéssica não era a única que chorava. E assim ficaram por vários minutos. Mas Marina não abriu os olhos, não se mexeu, não deu nenhum sinal de vida.
            - Acabou! Não tem mais jeito! Está... Morta!
            As lágrimas de Jéssica aumentaram e ela abraçou o corpo da amiga, sussurrava desculpas em seu ouvido, encharcando-a, mas não se importava. Depois Ivna, Andresa e Luciana juntaram-se ao abraço, molhando ainda mais a amiga. Christian, Allan e até mesmo Nilo abraçaram-na também. E nessa posição, permaneceram por algumas horas.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

16° capítulo


Novamente fora

            Estava escuro, ela tinha certo conhecimento de vozes chamando seu nome, mas ela não via nada, e sentia frio, Marina não sabia se a nave tinha parado, mas tentava não pensar muito nisso, ao invés disso ficou esperando, esperando pela morte, porque ela sabia que uma hora chegaria, não queria morrer em vão, queria que os outros completassem a missão, salvassem a Terra, e quando voltassem, diriam a seus pais como ela os amava e como tinha morrido, depois disso, fechou os olhos e deixou que a morte a afogasse.
          Dentro da nave estava um caos, gritos e lágrimas rolavam por todos os lados, algumas pessoas ainda gritavam por Marina, ninguém sabia o que fazer:
          - Parem!
          O grito de Nilo foi inesperado, todos pararam na mesma hora, não ousaram desobedecer.
          - Não adianta chorar, a nave está indo para mercúrio e tem um tripulante para trás, nunca se deixa ninguém para trás! Alguém aí tem carteira de motorista?
          - Eu tenho.
          Disseram Chris, Jéssica, Allan, Andresa e Ivna, todos ao mesmo tempo.
            Sem pensar, Danilo empurrou Christian em direção ao volante. No momento em que se sentou, o garoto olhou diretamente para o botão onde lia-se “piloto automático”, embaixo havia uma pequena tela indicando a rota tomada até agora e a que estava por vir, antes de mais nada, apertou o botão que antes fizera a nave parar. Ele abaixou o botão do piloto automático, e pegou o volante:
            - É como um carro, Chris. Somente pise no acelerador, e vire o foguete para aquele lado.
            Disse Jéssica, apontando para trás.
            Christian procurou com os pés, mas não achou os pedais.
            - Deixe-me dirigir!
            Disse a menina, empurrando-o para fora da cadeira.
            Todos observaram Jéssica botar os pés sobre uma plataforma, imediatamente, a nave se moveu, e com grande esforço, Jéssica virou o volante, junto com o foguete.
            Pressionando com mais força o acelerador, a velocidade tornou-se mais perceptível, na mesma hora, todos se sentaram com o equipamento de segurança.
             Foi difícil encontrar Marina, mas ela flutuava no meio do nada, chamando a atenção para si. Assim que a viu, Jéssica parou a nave e começou a se mexer, andou na direção das roupas espaciais, pegou a sua.
            - De jeito nenhum!
            Disse Christian. A garota o olhou com os olhos arregalados de dor:
            - Quer que ela morra?
            Rígido, o garoto respondeu.
            - É claro que não! Mas também não quero que ‘você’ morra!
            A boca de Jéssica se abriu, a cada segundo que se passava, Marina estava mais próxima de morrer, e Christian não parecia se importar.
            - Saia da frente! Minha amiga está morrendo! Não vê isso?
            Nesse instante ela começou a se mover, mas o garoto botou seu braço no caminho.
            - Sua teimosa! Eu sei que temos que salvá-la! Mas eu faço isso, você fica aqui!
            Jéssica finguiu não ouvir seu comentário, desviou-se do braço de Christian e, em frente a porta, vestiu-se.
            Ivna, Luciana e Andresa também estavam vestidas, mas Allan alertou:
            No máximo duas pessoas, por favor! Precisamos de ajuda aqui também.
            Jéssica confirmou com a cabeça, mas estava claro que a menina pretendia sair. Vendo sua determinação Christian disse:
            - Então deixe-me ir com você!
            Sem olhar seu rosto, Jéssica perguntou:
            - Por que?
            Fazendo piada de tudo aquilo Christian respondeu:
            - Porque você é tão pequena que mesmo a nave estando parada, você pode ser levada... Quero estar lá para te segurar!
            Jéssica fechou a cara, e ainda sem olhar para o garoto, sorriu:
            - Então não precisamos esperar mais nada.
            Ela saiu.  
             

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

15° capítulo


Estresse

            Os dias se passavam dentro da nave. Andresa acordara no mesmo dia em que havia desmaiado, sorria ao ouvir o relato de Ivna sobre o momento de felicidade dentro do foguete. Ria, mas ao mesmo tempo lamentava não ter participado. Sua cabeça latejava levemente, mas não se importava, estava feliz, e igualmente encantada com a falta de gravidade.
            Todos concordavam que a comida era horrível, e que provavelmente ficariam para sempre com aquele cheiro, mas no início, nada fazia com que eles desanimassem. Era o paraíso.
            Mas depois de algumas semanas no espaço, eles se sentiam entediados e estressados. Sonhavam com hambúrgueres e milk-shakes, e sentiam saudade das pessoas que deixaram em casa, seus pais, amigos, todos.
            Depois de um tempo, estressada, Ivna comentou que deveriam estar filmando a viagem, o que despertou certo interesse em Marina que esperava fazer alguma coisa, qualquer coisa.
            Ela pegou a câmera em cima da mesa, e começou a filmar de dentro do foguete.
            - A imagem daqui de dentro é péssima!
            Algumas pessoas olharam para ela, mas quem falou foi Luciana:
            - Então saia!
            Marina não se surpreendeu com a resposta da garota, na verdade era o que tinha em mente, então respondeu simplesmente:
            - Então ta.
            Jéssica olhou para a garota com olhos arregalados, e teve vontade de bater na irmã.
            - Não faça isso Marina! Está doida?
            Séria, Marina olha para ela e responde:
            - Por que a pergunta? Vou lá fora, filmo e volto.
            As duas estavam com grandes olheiras, incrivelmente cansadas e não pareciam elas mesmas, todos se assustaram com a resposta da garota. Jéssica disse:
            - E se acontecer alguma coisa?
            Com os olhos em chamas, Marina respondeu:
            - Pare de falar comigo assim! Está parecendo a minha mãe!
            Dessa vez, todos se levantaram e olharam com atenção para ter certeza de que a garota ao lado de Jéssica era Marina, nunca viram-na falando assim com nenhum deles, mas ultimamente, nenhum deles reconheciam um ao outro, todos falavam rudemente com seus amigos.
            Os olhos de Jéssica se encheram de lágrimas, e ela não conseguiu pronunciar a resposta, Marina se moveu, escondendo as próprias lágrimas.
            Ela se aproximou das roupas espaciais e se vestiu, a roupa estava perfeita em seu corpo, e ela pediu que Christian prendesse seu tubo de ar na roupa e na nave. Depois disso, estava pronta para sair.
            Marina saiu, e uma vez fora da nave a verdadeira velocidade foi revelada. Ela tentou desesperadamente voltar, mas mal conseguia se mover, enquanto lutava se lembrou do diálogo com Jéssica e se arrependeu imensamente por tudo o que havia dito, com os esforços da menina, seu cano se soltou, e ela afundou no infinito.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

14° capítulo

Gravidade

            Ninguém sabia o que fazer, não poderiam se soltar, caso contrário também seriam arremessados para o fundo da nave e provavelmente machucariam mais a garota.
            Mesmo nessas condições, todos estavam se movimentavam, tentavam se sentar. Após vários minutos finalmente Christian se sentou e apertou o botão em sua frente. A nave parou, todos caíram no chão, não foi confortável, mas eles nem perceberam, olhavam a amiga desacordada.
            Novamente o botão próximo a maior das telas foi pressionado, dessa vez por Marina.
            - Problemas?
            O homem ao lado do presidente se chamava Michael, seu olhar era irritado, mas a voz era serena.
            - Andresa desmaiou! Não esperávamos que o foguete se movesse tão cedo, não estávamos presos...
            A garota foi interrompida pela risada de Michael.
            - Crianças são tão ingênuas! Sabia que isso não daria certo!
            Eles se sentiram ofendidos, só estavam tentando ajudar. Mas o homem continuou:
            - Ok, levem-na à um dos cômodos internos e pressionem o botão amarelo. Ele fará o foguete voltar a se movimentar, mas tornará tal movimento imperceptível para vocês.
            Tentaram disfarçar a revolta, ninguém parecia se importar em avisá-los, mas não era algo que gostariam de transmitir para aquele homem com quem teriam que conviver.
            Só então repararam nas pequenas elevações que marcavam portas, Allan pegou Andresa no colo e a levou até um desses quartos, lá haviam macas fixas no chão, e outro banheiro, Allan botou a garota em cima de uma das “camas” e sentiu seu pulso.
            - Ela está respirando.
            Disse, fazendo todos sorrirem e respirarem aliviados. Depois disso voltaram ao cômodo anterior, com exceção de Luciana, que ficou com Andresa, no outro cômodo, Nilo sussurrou:
            - Feche a porta!
            A razão estava embaixo de seus dedos, um botão com os dizeres “antigravidade”. Os olhos de todos começaram a brilhar de curiosidade, e Nilo pressionou o botão.
            A sensação era de imensa leveza, por um momento esqueceram o que estavam fazendo no espaço, esqueceram os imensos problemas que os abordavam ultimamente... Até que ouviram o grito de Luciana.
            - Me ajudem!
            Foram nadando até lá, e, apesar de estarem preocupados, a sensação era ótima! Nada se comparava a isso.
            Fechar a porta não deteve o efeito antigravitacional dentro do quarto, Luciana havia pegado um copo d’água que agora flutuava, ela tentava impedir que Andresa batesse em alguma coisa.
            Jéssica postou-se acima da garota para que ela não batesse no teto, enquanto isso Christian e Nilo seguraram seus braços e a puxaram de volta para a cama.
            Não queriam ligar a gravidade novamente, e para evitar novos episódios de flutuação, botaram uma fina, mas pesada colcha sobre o corpo de Andresa, desse modo ela flutuava, mas não subia o suficiente para bater em qualquer coisa.
            Dessa vez, no quarto ficaram todas as garotas, começaram a analisar o corpo da menina desmaiada para saber se havia quebrado algum dos ossos. Felizmente a garota estava intacta, a não ser por um enorme galo no alto de sua cabeça, não sabiam quando sua consciência voltaria, mas tinham certeza de que não estava morta, o que as aliviava muito.
            Jéssica deixou o quarto e foi em direção a Christian, que fazia piruetas no ar, a garota sorriu e o acompanhou em suas piruetas. Logo Allan e Marina juntaram-se a eles, depois Ivna, Luciana e Danilo, e como sete bobos ficaram rodando pela nave.
            Sentiam-se idiotas, mas ao mesmo tempo estavam infinitamente felizes, e nada no mundo atrapalharia esse momento.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

13° capítulo


Partida
            Depois de tudo arrumado, olharam o interior da nave. Havia dez assentos, diversas telas, a câmera em cima de uma mesa, uma porta com os dizeres “Banheiro”, um armário de comida espacial...
            Havia roupas penduradas em uma das paredes. Todas eram incrivelmente grandes, serviram somente em Christian e Allan, que mediam pouco menos de dois metros. No foguete entraram dois homens e três mulheres que começaram a consertar as outras roupas diretamente do corpo das garotas, levaram menos de meia hora e se despediram com uma reverência.
            Voltaram-se para os assentos, respiraram fundo e se sentaram. Uma imagem surgiu na maior das telas.
            - Prontos?
            Era o presidente brasileiro, que apesar de censurar um de seus seguranças anteriormente, parecia se preocupar com a idade dos garotos.
            - Saibam que não foram os únicos a se alistar! Neste momento, a caminho de Mercúrio tem americanos, espanhóis, chineses, australianos... Os primeiros foram mandados em menos de uma semana. Tomem cuidado!
            Depois de sua última palavra a tela se apagou e eles sabiam que havia chegado a hora. Verificaram seus equipamentos de segurança e, insanamente, prenderam a respiração.
            Por um momento a nave não saiu do chão, mas podiam ouvir que estava ligada, e a qualquer momento poderia se mexer. E esse movimento foi mais do que repentino.          
A velocidade era incrível! Quase insuportável, tiveram que fechar os olhos. Estavam suando, e seus corações batiam a uma velocidade inimaginável.  
            Não sabiam quanto tempo se passara quando bateram inesperadamente. Se não estivessem presos no assento, seriam arremessados para fora do mesmo.
            O susto fez com que voltassem a respirar, a reação de Luciana foi apertar o botão próximo à primeira tela. Nela surgiram dois rostos, entre eles o do presidente.
            - Batemos em alguma coisa!
            O presidente baixou os olhos, quem explicou foi o homem ao seu lado:
            - Sim. Isso acontece porque vocês vão atravessar em linha reta, vão “furar” a órbita da Terra, pode demorar um pouco, mas se querem percorrer mais de noventa milhões de quilômetros em um mês não podem seguir a ordem natural.
            Os olhares dentro da nave eram incrédulos, ninguém tivera o trabalho de lhes avisar, mas sabiam que não seria uma viagem comum.
            Eles esperaram o que pareceram mais de cinco horas, mas a nave movia-se aos poucos, tinham retirado o equipamento de segurança e agora conversavam.
            Finalmente a nave havia perfurado a órbita o suficiente, e a velocidade voltou ao normal. Todos foram surpreendidos, tiveram que se segurar em seus assentos ou qualquer objeto próximo, infelizmente Andresa não segurou a tempo e foi jogada para trás.
            A menina bateu com tudo, e ficou desacordada no chão.
            - Dessa!
            Luciana gritou.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

12° capítulo


Antes de sair

          - O que ouve?
          Perguntou Jéssica. Estavam todos muito felizes, finalmente haviam chegado e Christian não estava se mexendo.
          A garota começou a sacudi-lo, mas ele ainda não se mexia, sua vontade era de lhe dar um chute nas partes baixas, mas não o fez.
          - Vamos Chris! É logo ali.
          Ele se sentou, olhou para a garota e perguntou:
          - O que deu para a minha mãe?
          Não era o que Jéssica queria ouvir, queria que ele se levantasse e fosse até a nave.
          - Calmantes! Por que?
          Ele olhou para a garota, seu olhar era frio.
          - Tem certeza?
          Àquela hora todos estavam estressados. Marina disse:
          - Chris, você viu a caixa, sabe que eram calmantes! Não vamos desistir agora!
            O garoto continuou a olhar para Jéssica.
            - Minha mãe foi ao hospital!
            Nesse momento Allan levantou a cabeça, prestou mais atenção.
            - Registraram boa noite, Cinderela em seu sangue! Ela desmaiou!
            Agora ele gritava, tinha se levantado e suas mãos estavam rígidas, fechadas em punho.
            - Sei que a culpa não é sua! Desculpe-me!
            Seu irmão caminhou em sua direção e segurou um de seus ombros, fez com que ele levantasse a cabeça. Allan sorria, mas não de felicidade, como se estivesse consolando Christian. E ele disse:
            - Ela vai ficar bem! Boa noite Cinderela não mata!
            Chris ficou parado por mais alguns instantes, até ver uma lágrima escorrendo lentamente pelo rosto do garoto à sua frente.
            - Ela vai ficar bem!
            Repetiu.
            Respiraram fundo. Andaram lentamente até o que deveria ser o foguete. Mas pararam diante a porta.
            Eles se olharam, apreensivos. E a porta se abriu. Antes que pudessem entrar, um dos homens que os acompanhava instruiu Jéssica em como pilotar a nave em uma emergência, até o primeiro planeta iriam com o piloto automático.
            Aparentemente era como dirigir um carro, mas não existiam marchas. O homem se despediu com um “good luck” (boa sorte).
            Novamente Nilo falou:
            - Quando algo vai dar certo?
            Mais inesperado que sua fala foram as risadas. Como poderiam rir diante daquela situação? Não importava, eles riam, e rir naquele momento foi como voar!
            Isso mesmo, estavam prontos para voar.